Lé minha doce lé

Disse este espaço um diario não podia deixar de escrever de tí…deixaste-nos a 19 de junho ao fim do dia, por entender que circunstancias dubias em que aconteceu, mas é hora de te dar paz… Ao longo de 30 anos acompanhaste-me foste a minha mãe quando ela não estava o meu pai quando ele não podia…a minha avo quando ela se tornou indiferente; O meu melhor amigo quando ele mesmo não o sabia ser, A minha professora a minha baba a minha melhor amiga a minha confessora…Foste a minha crença e minha força.

Eras iletrada mas sabias das coisas que nem os catedraticos entendem…Sabias da essencia do amor, sabias da beleza das coisas simples…Ensinaste-me a não ter medo de mostrar o peito às balas, a entender os humanos como o são pois não existe raça preta ou amarela o sangue é todo vermelho e a raça é a humana o resto são cores, as cores de que é feito o arco ires assim o dizias. Acreditas-te em mim, sempre acreditas te em mim, onde todos vacilaram onde todos duvidaram lá estavas tu sempre com teu sorriso limpido com teus olhos grandes a acreditar…Choravas quando o meu piano tocava e agradecias dizias que eram os anjos a falar por nós…A cada dia deste me sempre algo bom, nem que fosse por telefone e mesmo nesta fase final nestes 3 meses em que te assisti lutar por ti mesma nunca me deixaste vir do hospital sem me agarres a mão e sorrires…

Limpaste minhas lagrimas quando as chorei e voltaste me a fazer chorar passado tantos anos quando tudo e todos e até mesmo eu achava que era impossivel chorar…Viveste uma vida de luta nunca deixaste que a mentira ou a maldade se apropriassem da razão; beijavas as flores do campo ao passar e amavas a cidade…Os animais rendiam se a tí e não havia criança que após o teu jesto não corresse para teus braços…Lembro me de dizer que um dia serias presa porque eras como o flautista da historia q contaste era eu criança…rias e dizias que não tinhas culpa e não tinhas…Havia uma aura em ti algo que nunca soube explicar.

Ensinaste-me a ver o que as pessoas trazem por dentro e a não projectar o que espero delas mas a deixa las ser quem são… Ensinaste me da lingua das flores que adoravas; e do carinho e poio que sempre me davas…Em inumeros estagios da minha vida disseram que eu era diferente nunca souberam o meu real segredo esse sempre foste tu eu era único talvez era único porque te tinha comigo…Tinha a força de ganhar uma guerra santa e incendiar o mundo e faze lo nascer de novo sem medos, mas apenas porque sabia que ao fim do dia ao chegar a casa tu me recolherias me ouvias me ralhavas me sorrias e me farias voltar a mim…Foste tu já doente e já com dificuldades de fala a fazeres-me olhar meu coração e a ler o que se lá escreverá faz pouco tempo e a não ter medo e me disseste para ter coragem para ser feliz e trazer a felicidade pelo menos uma vez na vida, continuo acobardado mas nem sempre é simples.

Mil adjectivos não chegariam para ti lé, mil anos não chegariam para te escrever, estatuas não seriam suficientes para te fazer jús…A tua forma de viver ficou marcada em cada um que se cruzou por ti até no hospital quem se tornou habituado a dor chorou tua partidam e a tua ultima lição foi a primeira não há lutas perdidas todas as guerras podem ser vencidas e o que é certo é que partiste na vespera de ter alta…Quando todos já te achavam fora de perigo, e quando tudo se preparava para o teu regresso...Não consegui trazer-te para casa como queria nem te levar a passear mas guardo te para sempre em mim...sobreviveste ao que muitos achavam impossivel e sempre com aquele sorriso aquele teu sorriso…disse-o à 8 dias e hoje escrevo-o só há uma coisa a dizer.

Muito muito muito muito muito obrigado e procurarei honrar sempre o teu nome.

Ps: A quem não acreditasse em Deus bastava te conhecer para saber que Deus habita entre nós…É verdade que um dia fui o melhor em tudo o que fazia tudo fosse o que fosse a ti o devem e a ti é merecida a sua venia...chove la fora e não sei o que acontece cá dentro...